sexta-feira, 15 de julho de 2011

Cantiga do moribundo na voz de Manoel Boca


Aí está a música que o compositor e amigo Manoel Boca fez com o meu poema "Cantiga do moribundo", que, por sua vez, pode ser encontrado no meu Os deuses comem pão e outros poemas (2010). Se não conseguirem ouvir a música aqui pelo blog, cliquem aqui.
O Manoel Boca é cantor e compositor lá de Caratinga-MG e tem tocado junto com outra amiga, a Analigia Reis. Também tem trabalhado junto com a cantora lírica Vânia Melo e certamente tem feito muito mais coisas que eu preciso ainda descobrir. Para ouvir outras músicas suas, entrem no seguinte site: http://soundcloud.com/manoel-boca
Publico aqui o poema na versão do livro. Obrigado Manoel!
Liguem as caixas de som aí e boa apreciação a todos.

Cantiga do moribundo
Marcos Teixeira

Vejo um rato no meu quarto
meu olhar repara tudo.
Ele corre pelos cantos
pelos tacos, rodapés.

Tem um rato no meu quarto
que parece não me ver...
me levanto então da cama
deixo a porta entreaberta.

No meu quarto tem um rato,
muitos livros e papeis
manuscritos e jornais
me vigiam das estantes.

Já deitado vejo o rato
que me busca em seu olhar,
nele encontro uma tristeza
que vem dele e vem de mim.

Quando enfim a luz apago
deixo o rato em paz no escuro.

— Boa noite meu pequeno.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Caratinga de braços abertos

Caratinga completou 163 anos com muita festa e uma programação cultural muito interessante. Minha esposa e eu estivemos presentes. Convidamos um grande amigo meu chamado Ednaldo Moreira, que atualmente vive em Campinas, onde faz doutorado em Teoria e História Literária. Ednaldo é natural de Rio Casca. Fomos colegas na graduação, quando moramos em Mariana, e depois estudamos em Belo Horizonte. Apesar de ter nascido tão perto de Caratinga, não conhecia ainda a cidade das palmeiras e da Pedra Itaúna. Bastou o convite, um pouco de propaganda e ele compareceu.
Logo no primeiro dia, estivemos no lançamento de livro do Camilo, apesar de chegarmos no final, por causa do atraso na viagem. Foi o momento de conhecer uma das coisas mais bacanas da cidade, que é a Casa Ziraldo de Cultura, e conferir a exposição Poesia e cartum: duas visões de Drummond. Conversamos com o amigo Camilo, que fez as dedicatórias e deu boas-vindas ao Ednaldo. Depois disso tivemos a oportunidade de tomar uma cerveja gelada ouvindo os músicos Manoel Boca e Analigia Reis. Meu amigo conheceu todo mundo. A jornalista Fabiane Arêdes listou todos os lugares que ele precisava conhecer na cidade e definiu muito bem o caratinguense como um povo hospitaleiro e talentoso. Devemos ao amigo Hermam Mendes a boa conversa sobre música popular e a situação do compositor na cidade e no Brasil.
Pedra Itaúna - Caratinga-MG
No dia seguinte, o primeiro dia de festa, o Ednaldo conheceu o pão de queijo da dona Odila, minha mãe. Era feriado. Estivemos em alguns pontos turísticos da cidade. Meu amigo viu o monumento do menino maluquinho, a construção do santuário e o tapete decorativo que fazem nessa época do ano. Tudo isso muito rápido, pois era preciso subir no alto da Pedra Itaúna, o cartão postal mais importante da cidade. Parapentes deslizavam no céu. O acesso, que merece ser alargado, não está tão mal, mas precisa de cuidados, pois há buracos e mato. No alto da pedra avistamos a cidade pequenina lá embaixo. É de fato muito bonito. Considerei que aquelas antenas poderiam ser afastadas e no lugar poderíamos ter um restaurante ou algo do tipo. Seria muito bom fazer uma refeição vendo aquela vista maravilhosa. De volta, fomos para a praça ver as apresentações musicais no coreto do Oscar Niemeyer, comer e beber. Confesso que não entendi aquelas gravuras religiosas no palco. De qualquer forma, embaixo delas havia boa música. Considerei que o som poderia estar mais baixo, mesmo quando se toca rock. Mas esses detalhes não diminuíram a importância e a beleza da festa. A cidade, aliás, estava lotada. Foi o dia em que tocaram Renata Cordeiro e Ronise Ramos, dentre outros.
No dia de aniversário da cidade, estivemos no sítio de meu pai pela manhã, passando por Piedade de Caratinga. A estrada estava boa. No percurso, meu amigo conheceu a região da avenida Dário Grossi, avistou os prédios da Unec, dentre outras coisas. À tarde estivemos mais uma vez na praça Cesário Alvim. Não queríamos perder o show do Thiago Delegado, cujo trabalho acompanho desde a época em que tocava com o músico Ausier, no Pedacinhos do Céu, em Belo Horizonte. O Thiago Delegado e os demais músicos nos presentearam com um show muito bonito e emocionante. No meio da plateia avistei muita gente conhecida: Nelson Sena, Fernanda Cordeiro, Camilo, Paulinho Paul, Raul Miranda, Edra, dentre outros. Nesta noite pude apresentar ao Ednaldo o meu grande amigo Fernando Campos, que esteve conosco durante o show.
No dia 25 lá estávamos de novo na praça, conferindo as apresentações. Ficou faltando apresentar ao meu amigo muitas pessoas interessantes da cidade, como o Carlos Araújo e o escritor Maxs Portes. Mas haverá tempo para ele conhecer todo mundo e também a arte produzida pelo caratinguense. No dia 26 nos despedimos do Ednaldo, que seguiu para Rio Casca, sua terra natal. A rodoviária de Caratinga é boa, mas precisa de atenção e melhorias. Tenho certeza que agora Caratinga segue junto com meu amigo e, com ele, rodará todo o Brasil. Adriana e eu ficamos um pouco mais para matar a saudade da terra, da família e dos amigos.


fonte: 
TEIXEIRA, Marcos. Caratinga de braços abertos. In: Diário de Caratinga. n. 4734. 30 jun. 2011, p. 07.